quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Existência da mediunidade por toda a história da humanidade

Certas pessoas consideram a mediunidade um fenômeno peculiar aos tempos atuais, enquanto outras acreditam ter sido inventada pelo Espiritismo. A fenomenologia mediúnica, entretanto, é de todos os tempos e de todos os países e religiões, pois desde as idades mais remotas existiram relações entre a humanidade terrena e o mundo dos espíritos.

A MEDIUNIDADE NO HINDUÍSMO

Como exemplo, temos o Código dos Vedas, o mais antigo código religioso que se tem notícia, onde se encontra o registro da existência dos espíritos: "Os espíritos dos antepassados, no estado invisível, acompanham certos brâmanes, convidados para cerimônia em comemoração dos mortos, sob uma forma aérea; seguem-nos e tomam lugar ao seu lado quando eles se assentam".Desde tempos imemoriais, os sacerdotes brâmanes, iniciados nos mistérios sagrados, preparavam indivíduos chamados "faquires" para a obtenção dos mais notáveis fenômenos mediúnicos, tais como a levitação, o estado sonambú1ico até o nível de êxtase, a insensibilidade hipnótica à dor, entre outros, além do treino para a evocação dos Pitris (espíritos que vivem no espaço, depois da morte do corpo), cujos segredos eram reservados somente àqueles que "apresentassem 40 anos de noviciado e de obediência passiva".A iniciação entre os brâmanes comportava três graus. No primeiro, eram formados para se encarregar do culto vulgar e explorar a credibilidade da multidão. Ensinava-se a eles comentar os três primeiros livros dos Vedas, dirigir as cerimônias e cumprir os sacrifícios.Os brâmanes do primeiro grau estavam em comunicação constante com o povo, eram seus diretores imediatos. O segundo grau era composto dos "exorcistas, adivinhos e profetas evocadores de espíritos", que eram encarregados de atuar sobre a imaginação das massas, por meio de fenômenos sobrenaturais. No terceiro grau, os brâmanes não tinham mais relações diretas com a multidão e quando o faziam, era sempre por meio de fenômenos aterrorizantes e de longe.

A MEDIUNIDADE NO ANTIGO EGITO

No Egito antigo, os magos dos faraós evocavam os mortos e muitos comercializavam os dons de comunicabilidade com os mundos invisíveis para proveito próprio ou dos seus clientes, fato esse comprovado pela proibição de Moisés aos hebreus: "Que entre nós ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os mortos para saber a verdade" (Deuterônimo).De forma idêntica às práticas religiosas da antiga índia, as faculdades mediúnicas no Egito foram desenvolvidas e praticadas no silêncio dos templos sagrados, sob o mais profundo mistério e rigorosamente vedadas à população leiga. A iniciação nos templos egípcios era cercada de numerosos obstáculos e exigia-se o juramento de sigilo. A menor indiscrição era punida com a morte.Saídos de todas as classes sociais, mesmo o das mais ínfimas, os sacerdotes eram os verdadeiros senhores do Egito. Os reis por eles escolhidos e iniciados só governavam a nação a título de mandatários. A ciência dos sacerdotes do Egito antigo ultrapassava em muito a ciência atual, pois conheciam o magnetismo, o sonambulismo, curavam pelo sono provocado, praticavam largamente a sugestão, usavam a clarividência com fins terapêuticos e eram célebres pelas práticas de curas hipnóticas.

A MEDIUNIDADE NA SUMÉRIA, BABILÔNIA E GRÉCIA ANTIGA

A medicina entre os sumarianos era um curioso misto de ervanaria e magia, cujo receituário consistia principalmente em feitiços para exorcizar os maus espíritos que acreditavam ser a causa das moléstias.
Se o antigo povo babilônio não inventou a feitiçaria, foi ao menos o primeiro a lhe dar um lugar de grande importância, a ponto do desenvolvimento da demonologia e da bruxaria terem exigido leis que prescreviam a pena de morte contra seus praticantes. Há provas de ter sido muito temido o poder dos feiticeiros.
Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Todos os templos possuíam as chamadas "pitonisas", encarregadas de proferir oráculos evocando os deuses, mas às vezes o consultante queria ele próprio ver e falar com a "sombra" desejada e, como na Judéia, conseguia-se colocá-lo em comunicação com o ser ao qual desejava interrogar.

A MEDIUNIDADE NOS CELTAS

Os celtas, povo pré-histórico que se espalhou por grande parte da Europa entre os séculos XXI e I a.C., atingindo o maior poderio do século VI ao III a.C., possuíram grupos fechados de sacerdotes especializados em comunicações com o além, chamados de "druidas".A escolha dos futuros sacerdotes era feita entre a classe aristocrática e, desde criança, já se submetiam à rigorosa disciplina e intenso aprendizado junto aos druidas mais velhos. A sabedoria druídica já admitia a reencarnação, a inexistência de penas eternas, o livre-arbítrio, a imortalidade da alma, a lei de causa e efeito e as esferas espirituais.

ORÁCULOS GREGOS E ROMANOS

Mediante a invocação de poderes sobrenaturais, o homem sempre recorreu a vários tipos de adivinhação. No mundo greto-romano, um dos meios mais difundidos foram os oráculos, que eram,as respostas dadas pelos deuses a perguntas para eles formuladas, de acordo com determinados rituais executados por uma pessoa que atuava como médium ou pitonisa.Os oráculos eram núcleos de intercambio medianímico onde trabalhavam sibilas, pítons e pitonisas. Gente de todas as classes sociais, inclusive autoridades públicas, visitavam estes lugares e recebiam orientações das mais diversificadas. O termo refere-se também à própria divindade que respondia e a seu intérprete, bem como ao local onde eram dadas as respostas.
Os templos ou grutas destinados aos oráculos eram numerosos e dedicados a diversos deuses. Os rituais variavam dos mais simples, como tirar a sorte, aos mais complexos. Antes da consulta, a pitonisa e o consulente banhavam-se na fonte Castália, depois ela bebia água da fonte sagrada de Cassótis e entrava no templo, onde o deus era invocado por meio de um ritual. Em seguida, sentada numa trípode, entre vapores sulfurosos (enxofre) e mascando folhas de louro (a árvore sagrada de Apolo), entrava em transe ou "delírio divino", quando transmitia as palavras do deus. A mensagem era anotada e interpretada pelos sacerdotes, que a passavam ao consulente freqüentemente na forma de versos.
As pessoas, após o contato com os espíritos, passavam por uma limpeza com enxofre. As emanações dessas substâncias tinham como função descontaminar as pessoas pela destruição dos miasmas ou fluidos deixados pelos mortos.
O mais famoso oráculo da antiguidade foi o santuário de Apolo em Delfos, localizado nas encostas do monte Parnaso, no golfo de Corinto, na Grécia. Embora sua existência já fosse conhecida por Homero, sua fama só se difundiu entre as comunidades helênicas nos séculos VII e VI a.C., quando começou a ser consultado por legisladores e chefes militares.

A MEDIUNIDADE NA BIBLIA

A Bíblia, com o Velho e o Novo Testamento, é uma fonte riquíssima de fenômenos mediúnicos. A tão propalada proibição de Moisés à evocação dos espíritos é uma das maiores confirmações sobre a existência da mediunidade.
Um caso de escrita direta é relatado por Daniel (5:5), ao afirmar que, "por ocasião em que se realizava um banquete oferecido pelo rei Balthazar (filho de Nabucodonosor), ao qual compareceram mais de mil pessoas da corte, no momento em que bebiam vinho e louvavam os deuses, apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam defronte ao candeeiro, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via os movimentos da mão que escrevia".
A vidência é exemplificada por Daniel (8:15), onde conta: "Havendo eu, Daniel, tido uma visão, procurei entendê-la e eis que se apresentou diante de mim com aparência de homem, veio, pois, para perto donde eu estava; ao chegar ele, fiquei amedrontado e prostei-me com o rosto em terra; mas ele me disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim". O mesmo Daniel (10:5) afirma: "Levantei os olhos e olhei, vi um homem vestido de linho, o seu rosto como um relâmpago. Só eu, Daniel, tive aquela visão; os homens que estavam comigo nada viram, não obstante, caiu sobre eles grande temor, fugiram e se esconderam, contudo ouvi a voz das suas palavras, e ouvindo-a, caí sem sentido, com o rosto em terra".

EVIDÊNCIAS DA PRESENÇA ESPIRITUAL NA HISTÓRIA

Paulo de Tarso, às portas de Damasco, teve a visão do nazareno em perfeita configuração luminosa, convertendo se deste modo em apóstolo e medianeiro do Mestre. Na Biblia, Paulo deixa claro o intercâmbio entre os dois mundos ao afirmar: "Não extingais o espírito; não desprezeis as profecias; examinai tudo. Retem o que é bom" (I Tessalonicensses). Também o apóstolo João mostra a possibilidade de comunicação entre os dois mundos, mas nos alerta para a qualidade dessa comunicação: "Não creais em todos os espíritos, mas provai se os espíritos são de Deus" (I João).

César, o grande imperador romano, esteve com a pitonisa Spurina, informando-se que no dia 15 de março algo muito grave aconteceria em sua vida. Na data prevista, César segue para o palácio e lá recebe 23 punhaladas, morrendo imediatamente. Outro imperador romano, Nero, nos últimos dias de seu reinado viu-se fora do corpo carnal junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa, ambas assassinadas por sua ordem, que lhe pressagiaram a queda no abismo.

Joana d´Arc, desde pequena escutava vozes no silêncio dos bosques, que atribula a São Miguel, Santa Margarida e Santa Catarina, os quais a incentivaram para se voltar a Deus e defender a França. Orientada pelas "vozes do céu", assume a missão de libertar sua pátria do jugo inglês e, guiada por essas vozes, reorganizou o exército francês e conduziu Carlos VII ao trono.
Seu triunfo motivou inveja e intrigas que culminaram na sua captura. Foi perseguida como herege, submetida ao sacrifício inquisitorial e posteriormente condenada pelo fato de não querer negar essas vozes perante a Igreja. Mesmo no momento extremo, ainda afirmava ouvir os espíritos. Sua voz chegava até a silenciosa multidão, que escutava, aterrada, as suas preces e gemidos. Por fim, num último grito de agonia de amor, Joana disse: "Jesus". Posteriormente, a Igreja que a condenou e à qual Joana sempre foi fiel declarou-a inocente.



Notas: (Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 12, páginas 20-24)

site: http://www.geocities.com/tercmil/movesp.html


Os fenômenos mediúnicos, no passado remoto, eram tidos como maravilhosos, sobrenaturais, sob a feição fantasiosa dos milagres que lhe eram atribuídos porque se considerava sobrenatural tudo aquilo cuja causa não se conhecia. Aqueles que podiam manter intercâmbio com o mundo invisível eram considerados privilegiados.
Porém, à luz do Espiritismo (e por que não da Ciência?), é possível explicar milagres, colocar os fenômenos mediúnicos no quadro das leis naturais, desmistificar assombrações, encontrar razões para loucuras, etc.
Daí a concluirmos que a Mediunidade não nasceu do Espiritismo. Se compreendermos que ela é inerente ao homem, e que os Espíritos existem desde sempre, então poderemos entender também que as manifestações (de qualquer gênero) não se dão a partir do século XIX, e sim desde que há vida humana em nosso planeta.

0 comentários: