Quando nos colocamos para refletir sobre as consequências da Doutrina, podemos citar a pergunta de Kardec que orienta o tópico "Consequências do Espiritismo", em O que é o Espiritismo: "para que pode servir o estudo do Espiritismo?" (p. 118).
É provado materialmente pelo estudo que o mundo espiritual existe, e sendo este formado pelos Espíritos dos desencarnados, há também como resultado a prova da sobrevivência da alma. As manifestações acompanhadas de um estudo rigoroso nos mostram Espíritos que revelam as alegrias e sofrimentos que são resultados da vida terrestre que se teve encarnado. O que isso revela senão a prova da vida futura, das penas e das recompensas?
O homem tendo em vista a vida futura, e não mais possuindo uma teoria vaga e incerta sobre ela, faz do presente a necessidade de trabalho em proveito do futuro, o qual é dito como ainda indefinido. Utilizemos Kardec: "suponhamos que um homem de vinte anos tenha a certeza de morrer aos vinte e cinco; que fará durante esses cinco anos? trabalhará para o futuro? seguramente não. Ele se esforçará em gozar o mais possível e consideraria um logro se impor fadiga e privações sem objetivo. Mas, se ele tivesse a certeza de viver até os oitenta anos, agiria de outro modo, porque compreenderia a necessidade de sacrificar alguns instantes do repouso presente para assegurar o repouso futuro durante muitos anos. Ocorre o mesmo com aquele para quem a vida é uma certeza" (p. 119). Entende-se assim que aquele que tem convicção de sua vida futura não deixaria de prezar para que cada segundo de sua vida fosse em proveito do futuro, que não se refere apenas à existência material presente. Não sacrificaria o futuro em proveito dos prazeres da vida presente, e não atribuíria valores de importância excessiva aos bens materiais. O homem que sofre hoje e não vê o fim dos sofrimentos senão na sua morte material veria no suicídio o remédio para os seus problemas. Assim o sofrimento que seria abreviado para o homem que vê a vida em sentido material apenas, para o homem que sabe que existe a vida futura seria apenas mais tormento para o Espírito. A vida presente é vivida com paciência, pois é do "agora" que se espera o trabalho com resignação ao futuro certo e indefinido.
Bibliografia:
KARDEC, A. Conquências do Espiritismo. In: O que é o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 71 ed. Araras, SP: IDE, 2008.
16 comentários:
Está escrito no texto "É provado materialmente pelo estudo que o mundo espiritual existe". Não tem algo errado com essa frase e com suas ideias?
Pq haveria?
Pq não se pode provar o mundo espiritual 'materialmete'. E se isso já tivesse sido feito já teria acontecido uma revolução na ciência. Aliás, é esse o problema da ciência e dos materialista que insistem em provas 'materiais' para a existência de espiritos.
Jesiel,
Entendo que seja essa a posição de hoje em dia. No entanto, defenderia que a introdução do LE é o caminho da prova material da existência dos espíritos. O que não há é uma pesquisa acadêmica com aqueles dados. O que pode ainda ser feito. Ha tb estudos sobre pessoas que lembram de outras encarnações como meio de provar a existência dos espíritos.
Há tb estudos psicológicos sobre a memória e outras questões da psique como prova da existência de um espirito além corpo.
E por fim, tive notícias por uma amigo Hindu, que há um pesquisador (acho que é inglês) que vem tem reunido dados para defender uma tese quanto a isso. Se não me engano ele segue o caminho dos casos de lembranças de outras encarnações.
De qualquer forma, Kardec acredita que seu caminho na introdução do LE é prova material. E, para quem possa presenciar manifestações genuínas (ou seja, desde que não se duvide que há manifestações como o Kardec as descreve - o que poderia ser reproduzido) não há como negar a conclusão final: há espíritos que são entidades morais dos homens que ja viveram sobre a terra.
O que acha?
Abraços
Esse é o problema, essas não são provas 'materiais'.. Mas, afinal, o quê deve se entender por ''provas materiais''??
Jesiel,
Descordo. Isso é sim uma prova material. Sugiro dar uma olhada na introdução do LE. De qualquer forma, seria aceitável dizer que não é uma prova material só se se adotasse como definição de prova material aquela das ciências da natureza, e ainda as mais restritas.
O que vc entende por isso?
Abraços
Eu entendo que prova material são aquelas que podem ser provadas em laboratório ou com experiências práticas demonstrativas. Por exemplo provar a gravidade soltando um objeto. Espírito não é matéria, logo não tem prova mnaterial para o espírito, bem como pra Deus.
Jesiel,
Então vc está naquele caso da definição restrita de algumas ciências da natureza.
Segundo isso, não haveria prova de mais nada além da física, da química e da biologia... e olhe lá...
Mas, nesse caso os exames aos quais me referi poderiam ser entendidos como uma prova.
Agora, se vc ver a introdução do LE, e, aceitando que a descrição do Kardec quanto às manifestações mediunicas não está em dúvida, elas tb seriam prova material, pq se uma mesa voa, é uma prova material. E, o caminho dele começa por ai. Daí até os pontos mais psicológicos, mas sempre se referindo a fatos materiais.
Abraços
Na introdução do L.E. o Kardec vai descrevendo seu método de estudo, os fatos, e suas conclusões, nada de prova material. Você pode dizer 'provas irrefutáveis', 'porvas lógicas' mas não 'materiais'. Pra provar materialmente que um espírito moveu a mesa, primeiro precisa-se provar o espírito. E este ainda não foi provado pela ciência. Logo, logo será. Então até lá, não teremos 'provas materiais'. Do mesmo jeito que um psicólogo que prova sua teoria sob o subconciênte, ou um filósofo que discorre sobre o 'ser ou não ser', não se podem dizer que eles juntem provas materiais. Acho esse que termo não se aplica. E, acho que é esse o problema da ciência com Deus. A ciência quer 'provas materiais' de Deus, quer testá-lo com instrumentos, prová-lo e através de cálculos e observações de manifestações diretas dele, e não tendo isso, a ciência não pode afirma a existência de Deus. Reafirmo, isso por enquanto, até que surja um novo método científico.
Jesiel,
de onde vc tirou que preciso provar o espírito para provar que ele moveu a mesa? Como vc prova materialmente a força gravitacional antes de provar que os corpos caem por causa dela? As coisas não estão assim dissociadas, e é por isso que a introdução do LE é prova material. Não se trata só de apresentação de método. Ele só apresenta o método (que supões que há espíritos...) depois que provou que há espíritos. E a prova é segundo o exame racional de fatos materiais. Se isso não é prova material, gostaria que vc apresentasse um exemplo de prova material.
Quanto a provar Deus, é mais ou menos outra história, pq, ou Deus não age diretamente sobre nós, e nesse caso não há efeitos materiais de Deus pelos quais se possa provar sua existência, ou tudo que vemos é manifestação material de Deus, e então não há dúvida de que ele é.
O que há é uma questão de interpretação dos dados fenomenológicos.
Sobre a filosofia e a psicologia, elas são bem diferentes. A filosofia não é ciência, é filosofia. E como filosofia não requer prova material. Mas, ainda assim a fenomenologia (um método filosófico) debruça-se sobre as ciências (essas que estudam os fenômenos) para filosofar.
A psicologia é ciência, e como tal tem seus métodos e suas provas, todas materiais, ainda que não incontestáveis. Mas, mesmo a física hoje me dia não pode se gabar de qualquer incontestabilidade, não é mesmo?
Mais do que aguardar um novo método científico, parece importante compreender o que seja o conhecimento, e quais as formas de conhecimento humano (que não se restringem às ciências), suas identidades e diferenças.
Deus não será nunca provado por ciência nenhuma. Pq, ao sair do fenômeno, ela deixa de ser ciência para ser filosofia!
Abraços
Dé
(...)Prova material seria, então, todo e qualquer elemento físico que, apresentado à percepção do juiz, serve para produzir a certeza do fato a ser comprovado.(...)
Achei isso em um livro jurídico. Repare que prova material deve tratar de elemento físico.
Físico: adj 1. Corpóreo, material, natural (...)
Sendo assim, não concorda que assuntos espirituais nunca serão provas materiais??
Jesiel,
Primeiro que não necessariamente uma definição do direito deve valer para a ciência. Mas isso é irrelevante aqui, pq o que se prova com a prova material não precisa ser material, entende? Com a queda dos corpos (físico) provamos a lei gravitacional, que não é ele mesma visível, mas somente seus efeitos.
Assim, também, se temos mesas que se movem, então temos um elemento físico observável por um juiz (ou qualquer outra pessoa) e o que se prova com isso? Bom é isso que o Kardec discute na tal introdução do LE.
Portanto, não, eu não concordo que a existência de espíritos não possa ter provas materiais.
O que acha?
Abraços
Eu estava pensando, e até que mesas que dão respostas, médiuns que escrevem ao mesmo tempo em inglês com a mão direita e em francês com a esquerda, materializações, etc, até poderiam ser provas materiais. Porém, primeiro que ninguém gravou as mesas dando respostas. As mesas girantes também poderiam ser truques, precisariam ser acompanhadas por vários cientistas de respeito e todos afirmando que não era trapaça. E, também, no caso do Chico, precisaria ser feito um estudo exaustivo sobre ele, se ele sabia ou não aqueles idiomas, sobre seu passado, sua vida, aí então teríamos provas materiais. Tudo o que temos são dados, e não provas. No caso de Kardec, você é obrigado a dar crédito a ele. Se tivesse algo muuuuuuito bem pesquisado, gravado, estudado, aí poderia ser provas materiais.
Jesiel,
Concordo e discordo. Realmente o método científico atual exigiria um monte de estatísticas e possivelmente registros em vídeos e tal. Mas, isso tb não é assim para todas as ciências. Quer dizer, há pesquisas com partículas subatômicas em grandes aceleradores de partícula. E no entanto não há vídeo disso, o que há são coletas de dados. Há sim repetição e então fazem estatisticas dos dados das várias repetições. No entanto não é preciso um registro visual ou sei lá o que dos dados. A ciência aceita que uma experiência que possa ser reproduzida basta. Ainda que vc não tenha filmado. Pq os outros cientistas vão testar a experiencia declarada, até para "avançar" mais.
No caso do Kardec, a coisa é tb assim. Ele realizou inúmeras experiências. Participou de centenas (provavelmente milhares) de manifestações, analisou as fraudes e é isso que está ali descrito logicamente na introdução do LE. Se ele não tem fotos, filmes ou estatisticas, isso não faz com que o que ele diz não seja provado, pq basta que vc mesmo repita os passos que ele deu, e então chegará onde ele chegou. Mas, atualmente, tb acho que seria muito interessante (e não entendo direito pq ninguém fez isso ainda) um trabalho científico, segundo as exigências da ciência atual, que reproduza aquele caminha kardequiano.
Você dá crédito ao Kardec se não participou de manifestações com as caracteristicas que ele descreve. Mas, vc tb dá credito pro Einsten em muitos pontos que vc jamais viu, e provavelmente não vai ver. E no entanto há provas materiais.
Abraços
No caso de estudos com partículas, esses são feitos por científicos de muito respeito, com observadores de vários outros institutos e faculdades. Como é de interesse geral que a ciência avance, muitas pessoas interessadas assistem o desenrolar da experiência e dão o seu aval de que não é fraude. No caso de Kardec não teve isso, então se alguém quisesse conferir teria que testar ele mesmo, pois não há reconhecimento por parte da ciência. E como Kardec não fez registros nos moldes que a ciência usa também não dá pra conferir suas 'pesquisas'. Eintein não deu provas, ele fez teorias e explicou seu reciocínio. Posteriormente, após sua morte, vários pesquisadores testaram 'materialmente' suas teorias e viram que eram verdadeiras. Apesar que eu não sei se todas elas foram comprovadas, acho que algumas exigem uma tecnologia superior a do nosso tempo.
Bem, então, quando algum cientista for, pesquisar, registrar, colher amostra de dados, inserir equipamentos, aí sim teriamos provas materiais, não?
É o mesmo que acontecem com os extraterrestres. Alguns pesquisadores juntaram relatos, foram conferir lugares de pousos, juntaram vídeos, fotografias, mas as provas materiais são pouquíssimas, porque a maioria 'pode' ser fraude.
E é por isso que há discussões sobre ETs e sobre espíritos, por falta de provas materiais. Se eu quiser provar a teoria da relatividade, vou na faculdade X, pego o experimento que eles fizeram com o avião e com o relógio atômico girando contra a Terra, etc. Mas pensando bem, parece que é a velha questão acadêmica. Só as coisas feitas por isntituições respeitadas são aceitas... Bem, agora eu to meio perdido.. O que vc acha...?
Jesiel,
No caso do Kardec ele tb é de muito respeito. E tb era acompanhado por muitas pessoas, inclusive pq compartilhava seus resultados com outros pesquisadores do espiritismo, e tb recebia resultados de muitos deles. Então, havia tb essa rede de conhecimento, que nem era uma exigência da ciência daquela época. Kardec fez alguns registros, não como a ciência usa hoje, mas bem avançados para a ciência de sua época.
Eu sei que Einsten não deu provas. Mas há provas de suas teorias (ao menos de partes delas, pq há partes ainda não comprovadas). De qualquer forma, o argumento usado se referia ao fato de que há muito que vc (pessoalmente) não vai repetir no campo da física, e no entanto vc dá crédito ao que os cientistas dizem sobre isso. Há, certamente, a questão do método científico aqui...
De qualquer forma, minha defesa é de que a introdução do LE pode ser aceita como prova material. Desde que se dê crédito às descrições do Kardec e seus companheiros. Se não se dá esse crédito, basta então buscar manifestações que se encaixem nos moldes das descritas por ele para aceitar a prova. Aceito, repito, que seria ótimo que houvesse hoje a "atualização" do caminho da introdução do LE segundo as exigências da ciência atual. Mas isso não quer dizer que aquele caminho não deva ser visto como prova material.
No caso dos ET há poucos eventos. Enquanto há centenas de centros espíritas pelo país. Assim, se vc quiser provar a existência de espíritos, pode ir a um centro espírita minimamente confiável e participar de uma sessão mediúnica. Provavelmente não bastaram uma única ida pra ver cada uma das situações descritas pelo Kardec na introdução do LE. Mas, não se pode dizer que não esteja ao alcance reproduzir o caminho. Mas, nesse ponto, por se tratar de espíritos (que não são além de homens), há que inserir no método considerações vindas das ciências humanas (como tb diz o Kardec na tal introdução).
Agora, se a pergunta é, se há uma prova material, pq então a comunidade científica não aceita o espiritismo como ciência, então há muitos fatores que influenciam nisso. Penso eu que há a questão utilitarista, e de domínio mercadológico da ciência; há interesses de religiões diversas; há a posição dos espiritas de hoje que dizem que o espiritismo é uma religião e não uma ciência (e pior que dizer é agir dessa forma); etc. E, certamente, há tb o fato de que não há uma pesquisa dessas, feita atualmente, em uma instituição respeitadas.
Nesse sentido, volto fazer o elogio dos trabalhos atuais nesse sentido. Como a pesquisa dos cristais da glandula pineal (que vc citou), como os estudos apresentados por um psicologo da USP no 3º Congresso de Pedagogia Espírita, como a tal pesquisa, que citei, de um inglês quanto a casos de lembranças de outras vidas, etc.
Abraços
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