quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O que sou? Espírito?

Quando observamos um homem morto, logo percebemos que não há mais o que animava a matéria que se vê. O corpo, enquanto matéria sem vida, não se mostra diferente de uma planta ou de outro animal mortos. Fora esse princípio que animalizava os corpos e que lhes é comum, parece existir um outro, o que antes diferenciava o homem das outras espécies e que também não mais está presente e em atividade quando o corpo se apresenta sem vida, no sentido estritamente material. Conclui-se e se define que o que há de comum nos animais, nas plantas e no homem e que os animaliza não é algo que possua faculdade de pensar, que dê senso moral e que seja um princípio inteligente, pois este é inerente ao homem e distinto do que é comum aos seres vivos de forma geral. Ficou dito em outro momento que se convencionou chamar de princípio vital o que animaliza a matéria. Quando morre, o homem encerra na matéria sua faculdade, o princípio inteligente? Ou esse princípio e a faculdade permanecem de alguma forma existindo independente da vida que tem um término, materialmente falando? Se a faculdade de pensar é própria do cérebro e a atividade desse órgão cessa, deixa de existir a faculdade, fica dito, então, que não se pode entender que existe um princípio inteligente que independe da matéria. Porém são frequentes as manifestações que identificam uma individualidade que conserva sua faculdade, seu senso moral e, por assim dizer, o princípio inteligente mesmo pós-morte. Ainda verificamos a existência de idéias inatas e o horror ao nada, sendo este caracterizado como algo instintivo do homem. Diante do fato de que o homem possui um princípio inteligente, a faculdade de pensar, algo que lhe dá o senso moral, distinto do princípio que animaliza a matéria e da matéria propriamente dita, convencionamos chamá-lo de Espírito. Podemos tomar o citado horror instintivo como um pressentimento de que o nada não existe, e a existência das idéias inatas como conhecimento adquirido e preservado em uma vaga lembrança, conhecimento que não se perde e que se adquiriu antes em um dado momento, e por que não em outra encarnação ou circunstância anterior a uma encarnação? Um pressentimento de realidade seria dado pelo próprio Espírito, o princípio inteligente. Seria, pois, evidências da conservação de uma individualidade que independe da matéria. Aos órgãos, à matéria, restaria a função de instrumento. E é de se acreditar, assim, que a alma preexiste e que é possível uma explicação lógica e naturalmente que elimina a maioria das dificuldades no entendimento ou esclarecimentos acerca da reflexão. Cito Allan Karde, em "O Evangelho Segundo O Espiritismo", contextualizando a contribuição do Espiritismo em relação ao questionamento que guiou a publicação: "O Espiritismo veio completar, nesse ponto como em muitos outros, o ensinamento do Cristo (...) a vida futura não é mais um simples artigo de fé, uma hipótese; é uma realidade material demonstrada pelos fatos, porque são testemunhas oculares que vêm descrevê-la em todas as suas fases e em todas as suas peripécias, de tal sorte que, não somente a dúvida não é mais possível, mas a inteligência mais vulgar pode fazer idéia do seu verdadeiro aspecto, como se imaginasse um país do qual se leu uma descrição detalhada" (KARDEC, 2007, p. 42).

Bilbiografia:
KARDEC, A. A alma. In: O que é o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 71 ed. Araras, SP: IDE, 2008.
KARDEC, A. A alma. In: Obras Póstumas. Tradução de Salvador Gentile. 27 ed. Araras, SP: IDE, 2008.
KARDEC, A. A vida futura. In: O Evangelho Segundo O Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 344 ed. Araras, SP: IDE, 2007.
KARDEC, A. Idéias inatas. In: O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 141 ed. São Paulo: IDE, 2002.
KARDEC, A. O nada. A vida futura. In: O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 141 ed. São Paulo: IDE, 2002.
KARDEC, A. Princípio inteligente. In: A Gênese - Os milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 52 ed. São Paulo: IDE, 2008.

1 comentários:

André disse...

Olá,

Esse eu sei que foi o Paulo que escreveu. Vi ele lutando com as palavras (e com a Sté... rs). Achei um pouco confuso, mas dá pra entender.
Insisto que aqui há um salto sobre afirmar a existência de Espíritos como os entende o espiritismo. Por isso, remeto-vos, novamente, à introdução como o lugar onde essa passagem se dá de forma mais adequada e atenta.
Que haja vida em certos seres, e que uns tenham "inteligência", tudo bem? Mas pq isso significa que devam haver princípios diferentes para esse dois fenômenos? Segundo o materialismo mais banal, posso afirmar que a inteligência é efeito do cérebro, pq isso não bastaria?
Outro ponto delicado parece ser aquele onde se afirma que "Ainda verificamos a existência de idéias inatas e o horror ao nada, sendo este caracterizado como algo instintivo do homem." De onde surge essa generalização absoluta. De onde surge mesmo que essas duas coisas se deem em todos os homens?
E mais, pq isso não é tb efeito do cérebro?

Abraços