domingo, 25 de janeiro de 2009

Perispírito

“Envolvendo o germe do fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar de PERISPÍRITO, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.” (KARDEC, 1994, p. 74)

Segundo sua definição, o Perispírito trata-se de um envoltório semi-material, que liga o corpo e o espírito. É o intermediário entre o mundo corporal (matéria mais grosseira) e o mundo espiritual (matéria mais etérea), sendo uma variação do Fluido Cósmico Universal disponível em cada mundo, e, conforme o Espírito em sua jornada de evolução vai crescendo moralmente e trocando de mundo, troca também de Perispírito. Sendo assim, podemos tomar para uma comparação os planetas Terra e Júpiter. Supondo que em uma escala o planeta Júpiter seja mais adiantado espiritualmente que o nosso planeta, conseqüentemente, o Perispírito de Júpiter seria mais etéreo, menos grosseiro que o nosso.
“O perispírito, por sua tessitura, organização, flexibilidade e expansibilidade, fornece inúmeras condições de ação ao Espírito, mesmo quando encarnado, condições essas que podemos chamar de propriedades do perispírito, sem, com isso, desconhecermos que o propulsor de toda e qualquer ação é o Espírito.” (MELO, p. 46)
O perispírito em seu estado normal é invisível para nós encarnados. Porém, em certas circunstâncias específicas e favoráveis ele pode tornar-se visível a nossos olhos e até mesmo tangível, palpável. É necessária uma afinidade entre os espíritos e seus fluidos, não sendo relevantes apenas a vontade do espírito de se fazer aparecer ou a do encarnado de enxergar o espírito.
“O perispírito das pessoas vivas goza das mesmas propriedades que o dos Espíritos. (...) O daquelas não se acha confinado no corpo: irradia e forma em torno deste uma espécie de atmosfera fluídica. Ora, pode suceder que, em certos casos e dadas as mesmas circunstâncias, ele sofra uma transformação (...): a forma real e material do corpo se desvanece sob aquela camada fluídica, se assim nos podemos exprimir, e toma por momentos uma aparência inteiramente diversa, mesmo a de outra pessoa ou a do Espírito que combina seus fluidos com os do indivíduo.
O fenômeno da transfiguração pode operar-se com intensidades muito diferentes, conforme o grau de depuração do perispírito, grau que sempre corresponde ao da elevação moral do Espírito. Cinge-se às vezes a uma simples mudança no aspecto geral da fisionomia, enquanto que doutras vezes dá ao perispírito uma aparência luminosa e esplêndida”. (KARDEC, 2008, p. 32-33)
Vale a pena ressaltar que essas propriedades são apenas algumas das outras mais existentes acerca do perispírito.

Bibliografia:
KARDEC, A. Perispírito. In: O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 89 ed. Araras, SP: IDE, 1994.
KARDEC, A. O perispírito, princípio das manifestações. In: Obras póstumas. Tradução de Salvador Gentile. 27 ed. Araras, SP: IDE, 2008.
MELO, J. Perispírito. In: O Passe: seu estudo, suas técnicas, sua prática.



19 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, muito linda essa frase inicial do Kardec que eu ainda desconhecia. Realmente, pra estudar sobre perispírito 'eu' gostaria de conversar com médiuns sobre o tema. Kardec definiu e descreveu as características, porém existem inúmeras coisas mais que poderiam ser esclarecidas valendo-se da experiência de um médium bem experimentado, acredito eu.

Também, veja que engraçado, o conteúdo desse pequeno texto escrito mais de um século atrás ainda não foi tangenciado pela nossa bem amada ciência. Creio que esse tema venha a ser totalmente absorvido e esclarcido pela ciência pelos próximos 200 anos (e talvez eu esteja sendo demasiadamente otimista).

Por ser uma das bases do nosso organismo, o tema 'Periespírito' guarda ainda muitas coisas a serem descobertas e muitas questões a serem estudadas mais delicadamente. Mas eu tenho fé de que as tão polêmicas obras que estão surgindo e vão surgir sacie a minha sede de conhecimento acerca deste tema.

Anônimo disse...

Para mim é quase que inacreditável o fenômeno da transfiguração.É difícil de conceber que isso realmente ocorra. Com os desencarnados é mais "palpável", porque o Espírito pode mudar a sua aparência quando quer dar alguma comunicação, ou pode até deformar o seu períspirito conforme a sua vontade. Agora imaginar que o fluído perispiritual possa me dar outra imagem que não a minha... pelo que entendi nos estudos esse fenômeno acontece rapidamente, não vou mudar o meu rosto até o meu desencarne.

André disse...

Jesiel,

A quais obras "tão polêmicas" vc se refere?

Tami,

Acho que é importante notar que não se trata de mudar o seu rosto. Ou seja, não há mudança do corpo físico. Há sim uma mudança de imagem. Assim, seria como colocar uma mascara com outras feições. Uma máscara fluídica, que aparece como "real" para quem vê, mas que no entanto é apenas umas máscara. Entende?

Abraços

Anônimo disse...

Oi André. Sinceramente eu nem gosto de comentar sobre isso porque essa a a parte que mais me magoa no espiritismo. As obras polêmicas são: As do Conde Rochester, as do Ramatis (grandissíssimos autores espirituais), as da Vera Lúcia Marinzeck (pasmei quando me falaram dela), as do Carlos Bacelli e as editadas pela editora Defaux. Alguns muitos também rejeitam obras do Divaldo Franco. Essa é uma verdadeira black list de livros. Mas, eu senti uma lança no estômago mesmo quando o Laerte fez (o que eu vou classificar como) calúnia contra o Wanderlei dizendo que ele fala nas palestras que só edita livros pra ganhar dinheiro mesmo, sendo que conversei com meu pai (que acompanha TODAS as palestras do Wanderlei em Rio Preto) que me disse nunca ter ouvido tal coisas nas palestras dele aqui... É triste mas com os espíritas velhos (sim, este é o termo que gosto de usar mesmo) não se pode usar fontes da BLACK LIST ESPÍRITA e os espíritas jovens são muito desinteressados e nem conhecem tais autores. Quem lê essas obras é intelectualmente isolado dentro do movimento e tido como não confiável. Só não defendo uma separação no movimento para quem lê a black list porque já tem muitas secessões e mais uma não ia acabar enfraquecer o que muitos deram a vida pra construir. Bem, desabafei mesmo...

Anônimo disse...

Correção: (...) porque já tem muitas secessões e mais uma ia acabar enfraquecendo o que muitos (...)

André disse...

Jesiel,

Não ficou claro pra mim se você gosta desses autores aos quais se referiu. Entendi que vc parece gostar do Wanderlei, mas não entendi sobre os outros. Poderia esclarecer?

Se lhe interessa minha posição, eu diria que não li a maioria desses autores. Li trechos da Ermance, li algumas coisas do Divaldo, li um livro do Bacelli, acho que alguma coisa do Ramatis, e nada do Conde Rochester (ele não escreve romances???) e da Vera Lúcia (que por sinal eu conheci pessoalmente quando morei em São Carlos, pq ela é muito amiga da família de um amigo meu).
Tenho algumas posições sobre as obras e trechos que li. Mas, de forma geral, já que não se trata, em geral, de teorias e sistemas, mas de obras mais ou menos independentes, acho que essa classificação por autor é pouco justificável. Parece valer mais a pena levar a sério as considerações do Kardec sobre analisar tudo com bom senso. Então, não sou a favor de um "index" espírita. Mas que tudo (inclusive as obras do próprio Kardec) possa ser objeto de discussão racional.
Se, pessoalmente, não tenho grande interesse em ler esses autores, é pelos juizos que fiz do que li, ou mesmo por me interessar mais por outros autores dos quais ainda não pude ler toda obra.
Assim, poderia ler mais desses autores, mas antes prefiro terminar de ler o Kardec, o Flammarion, o Denis, o Delane, e o Herculano, entende? E meu tempo para ler é um pouco restitro, inclusive pq me interessa ler tb muita coisa de outras ciências humanas.
Outra coisa que me vem a cabeça é sobre "ler os originais". Quer dizer, sofro a influencia de uma tendência (que acho muito boa) da faculdade que prefere ler primeiro, e principalmente, o grandes autores do que os comentadores. No caso do espiritismo, acho que aplico o mesmo princípio. Melhor ler bem o Kardec e o Leon, pra só depois ler o que outros tenham a dizer sobre eles. Além disso, tudo que é produto diretamente mediunico, está, para mim, sob olhares mais atentos, pois está mais sujeito a engano.
Bom, é isso, espero o esclarecimento que pedi no início.

Abraços

Anônimo disse...

Eu gosto e admiro muito esses autores, principalmente o Rochester e o Ramatis que são mais antigos e comentam coisas nunca antes vistas pelo espiritismo. O Rochester escreve romances sim, mas só romances históricos de altíssima qualidade e com muitas explicações e comentários.

Entendi o que você falou sobre ler os clássicos e depois os comentadores, acontece que com essas obras é diferente. Esses autores (e muitos e muitos outros) complementam a obra iniciada com kardec. É o mesmo que fez Newton, construi a base que depois foi sendo completada por físicos 'menores' como Ohm, Ørsted, Yukawa, Fourier, Debye, Hess que complementaram a grande ciência que é a física. Alguns físicos só corrigiram equações, ou mapearam forças, mas foram os primeiros. É o mesmo com os autores, o Rochester (em livros como Faraó Mernephtah e Naema a Bruxa) detalhou como são os mecanismos magnéticos e mediúnicos de forma que eu nunca li em nenhuma outra obra espírita. E, como é o tema, eu li várias coisas nesses autores (principalmente nas obras do Bacelli) sobre o perispírito e não posso comentar em lugar nenhum, com quase ninguém, porque não são aceitos. Mas é sempre assim, tudo o que é novo (em idéia e não em tempo) rejeitam.

Sobre esse assunto, eu fiz uma pesquisa (na internet e com espíritas mais velhos que conheço) e descobri que quando Chico lançou Nosso Lar, acusaram ele de ser obsediado, mistificador, porque o André Luiz rscreveu que eles usavam grandes animais para visitarem o umbral e para se protejerem. Um espírita mais velho me falou também que ninguém aceitava que uma colônia espiritual precisasse de 'proteção' contra ivasão inferior. Se negaram até André Luiz, se negam até Divaldo, acredito que atualmente cometem um erro negando esses também.

E a questão vai longe, mas me incomoda muito o fato de eu ser um espírita 'limitado' pela negação das pessoas aos novos livros. Mas como Kardec disse, o espiritismo deve avançar com a ciência. Então deixemos que a ciência prove o que está certo e torça o nariz de muita gente. E, se Deus quiser, eu quero ser um cientista que ajude a provar que a verdade já sabida é realmente verdade.

André disse...

Jesiel,

Entendi o que vc colocou. Sobre a questão da física, eu tb entendi, mas acho que a coisa aparece de forma diferente no espiritismo. Quer dizer, quando se trata de uma ciência (que o espiritismo deveria ser, mas é, efetivamente, muito pouco) então há métodos, e discussão racional sobre os objetos e por isso pode haver "avanço", "progresso". Na filosofia tb há essa discussão, ainda que falar em "avanço" ou "progresso" seja extremamente delicado, e, em quase todas os sentidos, uma falácia.
Mas como o espiritismo se tornou uma religião, e quase somente isso, então a apresentação de "continuidade" não aparece como muito simples. Quer dizer, Kardec assume um método e todo um cuidado mesmo científico para editar suas obras, mas hoje qualquer coisa pode ser editada como espírita. Mesmo coisas de religiões as mais diversas. Assim, qual o critério de validade do que está dito? Como se pode saber que as descrições desses livros (e mesmo os de André Luiz) são verdadeiras? Penso que não haja critério, pq tudo ficou sendo meramente questão de crença religiosa. Por isso podemos ter divaldismos, chiquismos e outros ismos desses. Na física não há um newtoniano. Ninguém pode negar o que há de avanço após ele. E ele é respeitado não pq disse tudo, mas pq começou um discurso que ainda é feito, e deverá ser feito sempre...entende?
Nesse sentido, só que há de "arma espírita" é o bom senso herdado do Kardec, e com ele não é preciso afastar nenhum autor. Mas, tampouco é fácil aceitar muitas coisas.

Por outro lado, penso que os temas mais comumente tratados em obras espíritas atuais não interessam realmente. Quer dizer, a não ser como curiosidade, a maior parte dessas descrições sobre a vida na erraticidade não me parece relevante para a vida de encarnado. O que deveria ser estudado pelos espíritas, enquanto ciência espírita, são os próprios fenômenos espíritas a partir do estado atual das outras ciências. É possível adotar as posições metafísicas espíritas para fazer análises sociológicas, históricas, geográficas e etc. Enfim, não só em conexão com as ciências exatas, mas com todas elas, é possível fazer leituras a com olhar espírita. No campo da filosofia é possível responder as questões filosóficas do contexto atual a partir de uma visão espírita, tb. O que o espiritismo diz sobre o existencialismo? O que ele diz quanto aos problemas bioéticos? O que ele diz a respeito mesmo das questões pós-modernas de relativização. Como é possível ler o mundo pós-campos de concentração a partir do espiritismo?
Entende por onde eu iria?

Mas, se usam animais no umbral, ou se há aerobus, ou se há outras dimensões, ou coisas assim, elas parecem ser relevantes, em sua maioria, apenas aos desencarnados. Para mim, parece bastante saber que viverei após a morte, e quando morrer poderei conhecer (ou melhor, REconhecer, toda essa realidade), mas aqui, o que isso me acrescenta? Cabe aos encarnados investigar esses assuntos? Não seria, em muitos casos, como uma "contigo" do além?
O espiritismo deve avançar com a ciência pq tb é ciência. Mas isso não nos diz quais os objetos que convém estudar.
Se nossas vidas são oportunidades de avanço, mas vale estudar aquilo que nos ajude a avançar, não?
Mas que fique claro, essa minha posição é geral, recaindo inclusive sobre as obras do Chico. Não são parciais recaindo somente sobre os autores que vc citou.
A particularidade que parece mais relevante é aquela da forma assumida pelo espiritismo no séc XX, a forma de religião. Abandonando seus aspectos científicos, filosóficos e mesmo morais.
O que vc acha?

Acho que toda essa questão tem tb relação com a questão fundamental do temário da COMERRP sobre sermos espíritos. Pq, penso que a compreensão de nossa essencia espiritual explique os fins de nossas encarnações, o que, se não me engano, nos levaria a dar mais olhos aos temas e questões que levantei, do que às "fofocas" do mundo espiritual.

Abraços

Anônimo disse...

Agora você tocou em um ponto interessante. Realmente as questões metafísicas e morais apresentadas por Kardec são bastante abrangentes e tão complexas (se pensarmos nos valores da sociedade atual) que dariam assunto pra uma encarnação inteira. E realmente são essas questões que deveriam ter maior interesse entre os espíritas. Mas, então, você acha que toda a nova gama de informação sobre o mundo espiritual que surgiu e vem surgindo deveria ser ignorada? Pra que, então, tantos autores teriam se dedicado a isso? E, você não acha que essas informações sobre o plano espiritual nos ajudaria a conhecer mais os mecanismos do universo, a nos dar uma base lógica da vida em si (aquém e além) ajudando a calcular melhor nossas ações e, consequentement, nos fazendo melhores?

Outra coisa também, os autores, na maioria das vezes, escrevem os livros querendo mostrar e ensinar apenas como funciona a lei de ação e reação. Sempre eles contam a vida de alguém, o que ele fez na Terra e o que aconteceu no plano espiritual. E nessas descrições acontecem de eles descrever o que estão vendo, ou suas impressões sobre o 'novo mundo' contemplado. Daí eles coisas como 'animais' para se defender, ou que usam banheiro e os encarnados acham isso o cúmulo apenas porque não foi citado por Kardec. Às vezes parece até o que fazem os evangélicos com a bíblia. E os algumas pessoas nem se predispõem a usar a lógica, ou a ver se a obra não contradiz algo básico da moral espírita. Não!, se não tá em Kardec não existe. E isso é o que me desagrada. Mas, realmente, se os autores espirituais forem perguntados eles vão dizer pra gente ignorar as partes polêmicas e nos dedicarmos às partes morais de suas obras. Acontece, que como esse autor escrveu algo que não aceitaram, negam toda a obra dele e não se pode nem citar o nome dele em discussões. Entendeu, André? Não concorda?

Então, em uma coisa você tem razão, às vezes damos mais importância ao mundo de lá que ao nosso mundo interior. Eu adoraria MUITO de participar de um evento espírita apenas filosófico, porque já me cancei de discutir sempre as mesmas partes científicas da obra do kardec. É sempre sobre os espíritos protetores, sobre os mecanismos da mediunidade, sobre fluidos, sobre a diferença espírito-matéria, sobre obsessores, sobre blá, blá, blá. Sempre as mesmas coisas que discuto desde que tenho 8 anos e perguntava essas coisas nas evangelizações. Se fosse pra discutir, por exemplo, sobre obsessores gostaria de me aprofundar mais discutindo o que li em obras novas, ao invés de me limitar somente ao Céu e Inferno, Livro dos Médiuns, A Obsessão que eu já li, reli, discuti nos trabalhos de domingo, na mocidade, nos estudos de terça, nos eventos. Toda vez que pegam alfo pra discutir, me ficam limitados sempre ao mesmos livros, sempre falam a mesma coisa, sempre chegam às mesmas conclusões, não acrescentam nada, não mudam nada, é um desafio de paciência.

André disse...

Jesiel,

Eu acho que as informações sobre o mundo espiritual são pouco conclusivas e não está ao nosso alcance discutí-las. Quer dizer, se um autor escreve que tem banheiro la e outro diz que não, o que a gente diz? Não diz nada, escolhe em que "acredita", toma isso como fé. Isso já é um grande problema.
Entendo que se o método do Kardec (aquele que ele usou para escrever o LE, principalmente) fosse ainda utilizado, então haveria ainda alguma possibilidade de uma discussão racional, ao menos uma análise de evidências sobre esses pontos. Mas isso se perdeu faz tempo. Hoje em dia mediunidade é o mesmo que desobsessão, muitas vezes dos próprios membros do grupo mediunico (isso quer dizer que há pouca caridade nisso tudo).
No mais, penso que a maior parte do que está la descrito acrescenta muito pouco a nós, e como disse, há poucas chances de que nós possamos determinar o que é falso ou verdadeiro. Acabamos como uma religião cheia de revelações dos "xamãs" que são os médiuns. Triste destino...
Acompanhar a história de outros espíritos a partir de romances pode ser inspirador, como é a vida de muitos que passaram na Terra. Mas, na grande maioria a coisa me parece não sair da mesma lenga-lenga, em que o mais importante nem é a visão espírita. Essa visão parece apenas ampliar o campo do imaginário e da fantasia, com ares de realidade.
Mas, certamente, eu não concordo que algo seja descartado sem exame racional, puramente pq é de fulano ou cicrano. Isso é falacioso. Tem até nome para isso na lógica... Assim, sempre importa mais os argumentos do que quem os escreve (ou fala). E certamente é possível rejeitar alguns argumentos sem precisar rejeitar todas as premissas.
Agora, no que se refere aos estudos dos livros do Kardec e a sua amplitude, penso que a coisa seja mais funda do que vc propõe. Quer dizer, se nos encontros e estudos atuais das casas espíritas tudo se passa numa eterna repetição do mesmo, não pq já sabemos tudo de Kardec. Mas, pelo contrário, pq entendemos muito pouco o que ele nos oferece, e então ficamos repetindo as conclusões sem poder sequer dar qualquer passo pelo caminho que leva a elas.
Veja bem o caso de Platão, até hoje ele é estudado com vigor, e há quem diga (e gente de muito peso na história da filosofia) que toda a filosofia ocidental pode ser lida como notas de rodapé aos diálogos platônicos.
Com isso não quero dizer que não se deve estudar quem veio depois. Mas apenas que a repetição no meio espíritas é o atestado de igrejismo e ignorância dos espíritas. Além disso, entendo que o espiritismo não é uma esfera a parte da sociedade, ao menos não deveria ser, e por isso mesmo deveria estar em sintonia com as outras ciências e com a filosofia mais atual. Deveria dialogar com elas, fazer parte delas, entende? A moral é sempre a consequência da toda ciência bem compreendida. E quem tem o papel de bem compreendê-la é a filosofia.
Certamente eu concordo que o Kardec não disse tudo, e ele tb concorda (notadamente no primeiro capítulo da Gênese), então não temos nem que discutir isso. Mas gostaria de ver estudos tão responsáveis quanto o dele por aqui. Não apenas psicografias diretas, que não são revisadas, nem discutidas, nem comparadas com outras informações de outros lugares, etc. Em uma palavra, não queria revelações, mas estudos.
Quando tudo que temos é revelação é difícil pedir que não hajam "fundamentalismos" e, consequentemente, sismas.
Entende onde quero chegar?

Abraços

Anônimo disse...

É uma pena que você generaliza assim tão drásticamente os romances espíritas. Saiba que os mais inteligentes físicos estão escrevendo suas obras em estílo romanciados (como Carl Sagan e Brian Greene). Eles usam o estilo romance para ser mais divertido, atraente e para dividir seus conhecimentos tanto com os leigos quanto com os especialista. Assim são também os romances espíritas. Quantos espíritos sofreriam menos após a morte se tivessem lido Violetas na Janela. Aliás, um medium me contou que um espírito sofredor se counicou e falou que ouvia os parentes dizendo para ele 'ser como a Patrícia' (a autoras do Violetas) e ir procurá-la, e isso o ajudou a se livrar dos obsessores. As parentes dele (e o espírito) eram católicas mas haviam lido o tal livro. O romance espírita divulga, explica e populariza as teorias espíritas (e o próprio espiritismo). Mas, saindo desses romances 'água com açúcar', existem romances muito profundos, como os do Rochester.

Sobre o método usado por Kardec (o de mandar perguntas para inúmeros médiuns, receber e analisar as que não se contradizem) ele foi usado apenas por Kardec. Flamarion, Leon Denis, Chico e muitos outros baluartes usaram esse método? Não. Está claro que Kardec estabeleceu as bases de uma doutrina (avnaçadíssima, diga-se de passagem). É claro que temos visão suficiente para separar o joio do trigo. Acontece, e é o ponto da questão, que é novo e negam. Você disse também que autor x diz e autor y diz outra coisa, mas nos livros polêmicos, nenhum autor (espiritual), em nenhum outro lugar, falou algo contra. É apenas o mais puro preconceito. E bem, vejamos o conteúdo da obra, veja se tem algo que contradiz a moral espírita. Analisemos a informação, vemos se é contraditória com as bases do espiritismo, é assim que eu faço pra ver se algo é contraditório ou apenas novo (como, por exemplo, as coisas ditas nas obras de André Luiz).

E sobre 'nós estudamos sempre as obras básicas porque não a entendemos completamente, é uma retórica (no pior sentido da palavra) bem usadas pelos velhos. Blah, isso é o que deixa o centro (e certos eventos) espírita chato, esse movimento de sempre estar com o pé no mesmo lugar. Você disse que dizem que Platão não foi bem estudado ainda, image só se tivessem ficado só em Platão, o que seria, meu Deus, da filosofia. Quantas coisas não teriam perdido. E pasme (ou pasmem, se mais alguém estiver lendo) fazem isso também com a minha tão amada física. Existem físicos que negam Eisten e a física moderna (!!!!), falam que a física está ficando muito teórica e pouco prática (!!!!). É o mesmo que fazem os velhos dizendo 'você pode ler o L.E. várias vezes mas sempre vai ter coisas para aprender'. Ahh, isso é óbvio, e isso se aplica a todas as obras, de Buda a Dostoiévski. Isso é motivo para ficarmos sempre limitados a isso??

Anônimo disse...

É triste quando uma religião não se propõe a sair do 'basicão' e a evolir. É o que aconteceu com o catolicismo (que no começo, era sim uma religião revolucionária), com o protestantismo, com o budismo, com zoroastrismo... É isso não vai acontecer com o espiritismo porque os que nos amam estão sempre mandando obras e visões novas. Mas pode acontecer, se os velhos começarem a negar tudo e se o preconceito desmedido se tornar regar entre os espíritas.

André disse...

Jesiel,
Eu não generalizo nada. Muitos físicos podem escrever romances ou o que quiserem para divulgar uma ciência, mas ele fazem a ciência a partir de romances???? Ou será que tem laboratórios e pesquisas? Imagino que façam pesquisas e divulguem resultados em romances. Erro ao pensar isso?
Se não erro, então fica claro que um romance pode bem servir para apresentar dados, mas não lhe dá qualquer confiabilidade. O critério de validade das ciências não é o quão bem escrito foi o romance que lhes apresenta, ou é?
Muito bem se pode fazer com bons conselhos e exemplos positivos. Isso eu já admiti, mas fazer disso a ciência e a filosofia espírita é o que não concordo.
Sobre o método de Kardec se ninguém mais o usou é pq mesmo? É pq só a ele cabia executá-lo? Será que não era bom o suficiente? Espero que tenha boa resposta a isso. Pq, ao menos no que vejo, se o método era bom jamais deveria ter sido abandonado - ainda que devesse, como tudo, ser aprimorado, sempre.
Se já "temos visão suficiente para separa joio do trigo", então vc deveria se conformar que a maior parte dos espíritas rejeite o que vc defende. Se temos visão suficiente, então devemos estar longe do erro, não? Creio que vc não possa sustentar essa posição. E deve concordar que em qualquer ciência ou filosofia há critérios de validação das teses, e é a partir disso que se pode separar joio de trigo. Senão por isso, pelo que? Pela fé cega?
Se muito não é negado em outros livros, o simples fato de não ser confirmado já está em desacordo com o método usado por Kardec, e isso já bastante. Ainda mais se formos seguir o que ele nos dizia sobre ser "melhore negar mil verdades a aceitar uma só mentira".
Ora pq podemos aceitar as bases teóricas que ele nos fornece e não aceitamos as bases institucionais e metodológicas? Que se quer com isso?
Se vc entendeu que eu disse que devemos ler apenas o Kardec, então não nos entendemos bem. Tento novamente. O trecho em que me referi a Platão buscou explicar que é possível, e mesmo necessário, estudá-lo e dialogar com ele. Isso é bem distinto de divulgar informações em romances. Mesmo quem nega Eiste, como vc diz, precisa falar com ele, precisa estudá-lo. Se apenas lança livros discordando dele, então suponho que não tenha qualquer solidez em suas posições. O mesmo se dá com o espiritismo. É preciso fazer o espiritismo seguir no tempo, mas para isso não se pode fugir a bem compreender Kardec. E, duvido muito que hajam muitas pessoas que se dediquem a estudá-lo seriamente, e menos ainda que o entendam bem. Assim como foi com Platão.
Isso é tb bem diferente de dizer que podemos sempre reler e ver coisas novas. É preciso ser várias vezes para entender minimamente bem. Como um estudo sério exige. COmo um físico lê muitas vezes a física clássica e repete as demostrações a fim de compreender bem o que está ali exposto. Só a partir de bases sólidas se pode dar passos firmes.
Por fim, espero que me possa dizer de uma religião que seja que tenha evoluido. Eu não conheço nenhuma. A religião se baseia na tradição, e por isso é conservadora e tende a permanencia e com isso à falência. Por isso Kardec criou uma ciência e uma filosofia, ambas com implicações morais. A religião foi por conta dos espíritas. E enquanto ela for uma religião pode até ter suas bases vulgarizadas, mas não poderá avançar como vc deseja.
De minha parte, não sou velho, e nem nego o novo, mas só aceito o racional

Abraços

Anônimo disse...

André, eu andei dando uma lida, e vc falou que não queria 'revelações', mas Kardec no começo dA Gênese defende o fato de o espiritismo mesmo ser uma revelação. Outra coisa também é que Kardec recebia mensagens com revelações únicas (como as do Evangelho, do L.M., escritas por Galileu, Fénelon, etc.) e que ele não tinha como usar seu método porque não eram perguntas, e sim mensagens. O que ele fazia era ver se a mensagem não contradizia as morais e bases filosóficas e cientificas já estabelecidas. Quando ele achava que algo era lá muito incrível, ele sempre fazia réplicas, tréplicas aos espíritos e depois que chegava a uma conclusão plausível, sempre positivamente, ele escrevia seus comentários sobre o tema, tudo incrívelmente detalhado e conciso ao mesmo tempo, e encerrava a questão. É realmente isso que tento fazer com as tais qustões polêmicas. Sempre que vejo algo estranho (por exemplo li em um romance que um espírito adiquiriu AIDS) eu vou às obras básicas, discuto com pessoas de confiança, vejo se é plausível (nesse caso por exemplo, é pausível de o espírito em questão estar tão condensado, e tão ligado ao seu encarnado, que ele acaba absorvendo todas as energias para o seu periespírito, e até as disfunções orgânicas). Mas ao discutir o tema com um espírita mais velho e mais conservador ele riu. Sim, nem adiantou eu falar meus argumentos, tentar achar algo plausível, tentar ver o resto da obra, ele falou que não estava em Kardec e ponto final.

Bem, entendeu agora o que eu não me conformo? Concorda comigo ou discorda nesse exemplo? É claro que eu não me comparo a Kardec, é claro que eu posso fazer um julgo errado, é claro que o médium pode ter se enganado com o seu 'filto mediunico' e deixado passar algo seu. Mas os espíritas que eu chamo de velhos (porque incrívelmente a grande maioria dos mais velhos fazem isso) não discutem algo novo, algo absurdo, não analisam, já perguntam de cara: "De quem é o livro." Se respondo "autor X" acabou a discussão. Voltando, é isso que eu quis dizer que me magoa o que estão fazendo com as obras novas.

Mudando totalmente de assunto, eu sempre aprendi que o epiritismo era um tripé: filosofia, ciência e religião. Porém fui procurar pra saber onde está isso e achei na internet o trecho de uma revista espírita de dezembro de 1968:
"...Se assim é, dirão, o Espiritismo então é uma religião? - Perfeitamente! sem duvida; no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos ufanamos disso, porque ele é a doutrina que funda os laços de fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as mais sólidas bases: as leis da própria Natureza. Porque então declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Por isso que só temos uma palavra para exprimir duas idéias diferentes e que na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto: revela exclusivamente uma idéia de forma, e o Espiritismo não é isso."

Realmente Kardec quis, inicialmente, afastar o espiritismo da idéia convencional de religião, o que parece estar sendo esquecido atualmente. Mas isso é assunto pra outra discussão.

André disse...

Jesiel,

Entendo que o sentido de "revelação" usado por Kardec naquele trecho seja diferente. Não se trata de aceitar que o conhecimento espírita, e sua confiabilidade, sejam formulados a partir de revelações. Mas que esse conhecimento é uma revelação. Então, não se trata do método, ou modo, pelo qual se sabe, mas um adjetivo para o resultado desse método ou modo, um adjetivo para o conhecimento. Além disso, há que se admitir que há algum carater de revelação nos conhecimentos sobre o que não se vê. Pq, esses, provem de outros. No entanto, o modo, o método, não se resume a isso. Como vc expos, a razão age sobre tudo isso. Há preocupação na elaboração de um método que dê credibilidade aos conhecimentos. Tudo que não passa por esses métodos, só é editado pq está de acordo com o que passou pelo método. E está sujeito a ser visto como erro se a razão o puder mostrar mais adiante.
Então, eu não concordo com quem aceita o espiritismo como revelação e renuncia á razão. E concordo que qualquer coisa que se queira estudar (não só no espiritismo) deve ser feito com razão. Se vc busca fazer um exame sério do que estuda, então eu não tenho nenhuma objeção a isso. Mas, isso não significa que seu "método" esteja garantido. É preciso ainda justificar o método, mostrar sua racionalidade.
Penso que vc percebeu que eu não me opus a existencia de "espíritas" enganados sobre oque seja o espiritismo. Pelo contrário, penso que foi ainda mais radical que vc, sobre isso. Mas não gosto gosto de classificações como "os velhos", ou algo assim. Se tiver que generalizar eu diria apenas "os espíritas". Mas, entendo o que vc queira dizer.
Sobre ser religião, vc pegou o texto polêmico, pq há quem diga que é neste texto que ele diz que é religião, ainda que não seja dificil perceber que ele usa esse termo fazendo mil ressalvas até que ele não diga mais o que se entende, vulgarmente, por ele.

Abraços

Anônimo disse...

Bem, eu não tenho mais ressalvas a fazer. Eu não entendi se vc concorda ou não com o 'método' que eu uso. Mas, eu sempre estudo o que eu leio com a minha racionalidade.

Vou te contar um outro caso. Meu pai, outro dia, estava participando de um estudo em uma casa espírita de nome em RP. Estavam estudando os Livros do André Luiz. Daí ele citou um trecho de violetas na janela e disseram 'é melhor a gente não citar livros apófricos'. Isso é triste cara. E adivinha a idade da pessoa que disse isso e das que concordaram? (Por acaso, só um mais jovem que estava lá tentou discutir algo a favor do Violetas...)

Outra coisa que eu não entendi é que pareceu que vc achou que eu concordei que kardec falou no trecho q espiritismo é religião, o que é exatamente ao contrário, entendi que Kardec não queria associar espiritismo à religião. Também nesse caso eu discuti com o meu pai e em uma reunião de diretores (ou outros cargos) espíritas em uma pizzaria meu pai citou isso e quase cairam das pernas. Falaram q está nas obras básicas, mas ainda não vi nada. Por acaso quando foi citado o seu nome nessa reunião disseram 'iii tá discutindo co' Andrezinho??' (em uma conotação ruim). Por acaso eles têm, algo que vou classificar como, preconceito com pessoas também e não apenas com livros. E adivinha a idade deles? E parece que 99.99% das pessoas dessa faixa etária seguem esse mesmo raciocínio preconceituoso com os livros, e com pessoas que pensam diferente deles.

André disse...

Jesiel,

Pelo que eu entendi, parece razoável o seu "método". Mas ele é mais como um método de estudo do que de pesquisa. Mas creio que vc tenha isso claro. Pelo que vc descreveu, não teria muito a acrescentar ao seu método de estudo. Só que, se for possível, seria muito interessante, sobre questões científicas, consultar a ciência mais "avançada" sobre o assunto, e sobre filosofia, consultar os filósofos, e sobre o mundo espiritual, consultar os espíritos em sessões mediúnicas.
Então, eu não li o violetas... Mas, sinceramente acho mesmo ruim que um argumento seja refutado pela origem e não por si mesmo.
Eu entendi que vc não achava que era religião. Só disse que há quem defenda que o Kardec teria dito que é religião baseado no texto que vc citou. O que me parece bem "bobo" já que é lá mesmo que ele diz como não é religião - não ao menos no que se entende por esse termo vulgarmente. Eu tb nunca vi nada nas OB dizendo que é. Até, pelo contrário, sei de trechos dele dizendo que não é. O que, muitas vezes, ele fala é de como o espiritismo teria um papel de unificação das religiões. Mas eu entendo que ele só possa fazer isso se não for uma delas, pq senão não é elo entre elas, mas uma delas que quer "vencer" as outras.
Sobre o "Andrezinho", vc me deixou curioso. Não sabia que a minha "fama" era tamanha. HAUHAUuhauhauhauha
Agora vou querer que vc confidencie de que centro são esses meus fãs. (mas já imagino que sejam pessoas da USE) E se vc não confidenciar eu vou ter que passar várias encarnações te pentelhando até vc se arrepender... hahahahhaa
Abraços

Anônimo disse...

Nuss, eu escrevi 'apófrico', quase nem da pra pronunciar isso. O certo é apócrifo.

Ahh, se vc conseguir achar nas obras básicas trechos dizendo que não é religião vc me fala.

Parece que tua fama te precede mesmo.. Foi um cara do consolador que falou, mas acredito que os dos outros centros também te conhececem. O que será que vc andou aprontando por aí?? (hehehe)

André disse...

Jesiel,

Vou ver se seleciono uns trechos e te passo.

O que sei desde já é no discurso do Flammarion no enterro do Kardec (que tem no começo do Obras Póstumas) tem um parágrafo dele em que ele diz: "Porque, senhores, o espiritismo não é uma religião, mas uma ciência. Ciência da qual sabemos apenas o a, b, c. O tempo dos dogmas acabou!"

Do Consolador era o camarada? Putz, não me lembro de conhecer ninguém de lá! hahahahaha

Abraços