sábado, 8 de fevereiro de 2014

História da Sexualidade 1: a vontade de saber

Foucault investiga nesta obra qual a função social da sexualidade na modernidade, como ela se organiza e como se constituiu.

O primeiro capítulo apresenta a visão mais comum de sexualidade na modernidade. Modernidade aqui entendida como o período depois do Iluminismo e das revoluções burguesas. Antes da modernidade, Foucalt afirma que a sexualidade sempre foi reprimida, então no séc. XIX houve uma constante liberação, passou-se a pensar mais sobre o assunto. O principal agente disso foi Freud. As pessoas que antes reprimiam o assunto sexo, passam a se inteirar mais sobre ele. Todas as relações de poder e seus discursos causaram efeitos na vontade de saber que passou a estimular o conhecimento sobre o assunto.

No segundo capítulo, Foucault explica que técnicas como a confissão, incentivada pela Igreja Católica, ajudaram a tornar um assunto mais conversado, pois este é um dos "pecados" mais comuns. A confissão era um momento propicio para discutir sobre o sexo. Então, do discurso religioso atingiu o discurso laico que refletiu na medicina, na psiquiatria e na pedagogia. Ocorrendo, então, segundo Foucalt, a multiplicação do discurso sexual mesmo na idade média.
Chegando a esferas com a medicina e a psiquiatria, surgiu a preocupação do que é patológico e o que é perversão sexual. Mas o patológico não foi interditado, foi inserido na sociedade através do adestramento, sem punições.
O discurso da sexualidade foi atingindo a sociedade, legitimado pela medicina/ psiquiatria e pedagogia e passando a controlar os indivíduos; por exemplo, proibindo a masturbação infantil.

Foucalt comenta que antes o praticante de sodomia (prática sexual em que há penetração do ânus com o pênis) era julgado por violação da lei, não existiam rótulos para ele. Porém, com o discurso da época surgiu o "homossexual" que coloca uma definição particular de indivíduo que pratica sodomia, que incorpora definições de muitos campos da vida. Então surge uma nova categoria , os homossexuais marcados por uma identidade inteira.

Com a construção e ampliação da sexualidade, o poder foi se apoderando dela.

O autor explica que foram atribuídos ao campo patológico os fetiches, a zoofilia, a homossexualidade.

Segundo o filósofo, a psiquiatria e a medicina constituíram identidades sexuais ligadas ao campo patológico: sodomia- ação/ homossexualidade- pessoa. A condenação não se dá somente sobre o ato, mas sobre a pessoa, como se toda sua vida tivesse convergido para sua homossexualidade. Por consequência disso, passasse a controlar a vida de cada indivíduo. Isto é, constituiu-se a sexualidade infantil e a perversidade que exigem constante controle, o que amplia os discursos e aumenta as relações de poder. Assim poder e prazer estão juntos, exercendo o domínio da sociedade.

Foucalt afirma que o que ocorre é uma espiral ascendente, isto é, quanto mais discursos mais poder que geram mais saberes sobre a sexualidade. O discurso científico sobre o prazer acaba por uma ferramenta continua do poder. Por exemplo: discursos sexuais como o kama sutra e as artes eróticas, preparam para o domínio da arte do sexo objetivando o prazer, mas não existe controle do sujeito pela sexualidade.

A prática clinica incentiva o falar sobre, mas pode resultar em mitos que tem por consequência males; por exemplo: se o menino se masturba muito pode se tornar estéril.  A medicalização dos efeitos da confissão são para levar o indivíduo a normalidade.

No quarto capítulo, o filósofo comentará sobre os limites do sexo como dispositivo de poder. A sexualidade é uma forma de poder. A sexualidade é um modo de domínio deferente da monarquia. O modo com pensamos nossa sexualidade e nossa individualidade se torna um modo de dominação. Enquanto está inserida nas lógicas normal x patológico, o discurso do indivíduo, se vocabulário está a mercê de qualquer classificação.

Para Foucalt, o poder é a capacidade de definir os modos do outro. O autor não acredita em poder absoluto, uma relação de dominação completa. O que se diz sobre sexo não é o efeito do poder, mas a causa. Então, a esterelização da mulher, a estigmatização da sexualidade infantil, socialização das condutas de criação, estatísticas sobre natalidade, ou seja o estado passa a controlar, psiquiatrização  do prazer perverso. Estes são os alvos principais da criação do saber sobre sexo e que sendo a sexualidade dissolvida por toda a vida, controla-se toda a vida.

Foucalt explica que Freud investiga os distúrbios da sexualidade para tentar normalizá-los.

A sexualidade e seus mecanismos foram sendo utilizados para diferenciar a burguesia do restante. A burguesia tinha acesso há higiene, porém isto só chegou as classes inferiores quando a burguesia teve acesso acesso a outra coisa q a diferencia-se, como a psicanálise.

No capítulo 5, o autor explica que o poder do soberano se centrava sobre a morte, mandando matar ou deixar viver. Com a sexualidade ocupando os discursos da medicina, psicanálise e pedagogia o poder passa a ser exercido sobre a vida. Isto fica evidente se pensarmos na pouca importância dada hoje a morte e a diminuição de rituais. A medicina domina o que vamos comer, como vamos viver, quantas horas dormir.

A pessoa as vezes pode fazer a sodomia, então existe uma expectativa em como ela deve agir, então pela assume isto não porque quer, mas para assumir uma identidade. Logo, Foucalt define isso como dominação.

A política é voltada para a normalização, para evitar desvios.

Segundo Foucalt, não é o sexo que cria a sexualidade, mas o oposto.  A sexualidade que tem uma realidade em nossa vida, produz a ideia de sexo de acordo com a estratégia de domínio. O autor ainda acrescenta que no futuro ririam de nós, pois acreditamos ser reprimidos, mas ao mesmo tempo acreditando ser liberados, isto faz com que o domínio funcione.

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