quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Integração dos paradigmas biológico, psicanalítico e evolucionista e A questão do parentesco

Texto 5:
PARISOTTO, Luciana et al.; “Diferenças de gênero no desenvolvimento sexual: integração dos paradigmas biológico, psicanalítico e evolucionista” In: Revista psiquiatrica do Rio Grande do Sul. v.25, suppl.1, p. 75-87, 2003.

Formação do gênero sexual:

O objetivo deste grupo de estudo foi descrever as diferenças de gênero no desenvolvimento sexual humano, à luz dos vértices biológico, psicanalítico e evolucionista, buscando-se pontes de conexão entre estes paradigmas, para uma visão mais integrada do processo de ser masculino ou feminino. (PARISOTTO, 2003, p. 76)

Paradigma evolucionista:
- Interpretação evolutiva da libido: propagação da espécie - sexo para que a espécie não morra;
- Diferença de gêneros: vantagem de ter dois sexos (nos seres que não são nece ssários um parceiro para a reprodução, não há variações genéticas. Já quando há dois seres, é possível variações, diversidade. A diversidade é importante em relação a seleção natural. Quando todos são iguais ficam suscetíveis a extinção. Quanto mais diversificado melhor para a espécie, pois surgem indivíduos mais bem preparados);
- Seleção natural (PARISOTTO, 2003, p. 76);
- Seleção sexual: se relaciona com a seleção natural. Atrativos sexuais que influenciam na escolha do parceiro. (PARISOTTO, 2003, p. 76);
- Investimento parental (energia e tempo que o ser gasta para cuidar, preservar a pole. Varia de acordo com o sexo biológico);
- Paradigma biológico (explicação do desenvolvimento humano, desde a fecundação até vida adulta) (PARISOTTO, 2003, p. 78 – 81);
- Questão da homossexualidade: não há a propagação da prole, não com os genes do casal.

Paradigma biológico:
- Referente a gametas, divisão mitótica. O que define o sexo do feto é o gameta masculino Y que pode ser apenas “fornecido” pelo macho;
- Características masculinas (durante toda a vida) dependem da testosterona;
- Falamos por cima sobre a puberdade;
- Qual a influência do espírito da formação da criança?

Conversamos que quanto mais estudamos tendemos a crer que a questão da homossexualidade é cultural.

Paradigma psicanalítico:
- Freud: formação sexual da criança. Fase do desenvolvimento sexual (3 a 6 anos);
- Fase oral (colocar as coisas na boca);
- Fase anal (as fezes no anus remetem a introdução do pênis na vagina. Além disso, as fezes são vistas, pela criança, como um presente que dão aos seus cuidadores. Foi levantado a questão de que alguns estudos apontam que crianças que comem as próprias fezes não se relacionam de forma positiva com o ambiente em que se encontram, contudo esse ato também poderia ser interpretado como um sinal de que a criança está com verme);
- Fase genital: reconhecer sexo biológico (genitais); complexo de édipo (identificação com o sexo oposto: menino se sente atraído pela mãe); a menina inicialmente quer ter um pênis e depois, não podendo, deseja ter um filho com o pai. Quando começam a entender a genial e as repressões sociais, eles reprimem suas vontades. Parte de como a criança vai lidar posteriormente com a sexualidade está ligado com essas três fases.
- A forma como o homem e a mulher lidam com o seu corpo, devido as suas genitálias, está relacionado com a fase genital. Como os meninos têm contato visual e tátil com o pênis, eles desenvolvem narcisismo quanto aos seu pênis e são atraídos mais visualmente. As mulheres, por elas não terem contato visual e perceberem que possuem um “vazio” interior criam ansiedade e desenvolvem narcisismo com o corpo.
- Ficamos em dúvida sobre o libido, o que ele é e no que ele pode ou não interferir na futura orientação sexual. Como o meio interfere na formação do “caráter sexual”.
- Traumas nessas três fases podem influenciar na orientação sexual?

Texto 6:
BUTLER, Judith. O parentesco é sempre tido como heterossexual?. In:Cadernos Pagu (21) 2003: pp. 219-260.

Resumo:
Conforme o texto foi sendo apresentado, já procuramos ir discutindo cada parte. Tivemos dificuldades para entender o texto de forma geral.

O grupo, após explicação do texto, chegou à conclusão de que a autora assume uma postura neutra sobre o tema (O parentesco é sempre tido como sexual). Ou seja, apesar de levantar vários fatos, ela não os julga quanto certo e errado, mantendo, tanto quanto possível, sua opinião desvinculada do texto:

A partir do debate ocorrido na França a respeito da legalização das uniões entre homossexuais, a autora conclui que tomar posição a favor ou contra nessa questão é aceitar os termos nos quais o debate está posto e considera os riscos políticos e teóricos de circunscrever uma realidade bem mais complexa. (BUTLER, 2003, p. 219)

Segue, na forma de tópicos, alguns pontos que levantamos e algumas dúvidas:
- A autora, de maneira genérica, propõe a seguinte definição para parentesco:

Se entendermos parentesco como um conjunto de práticas que estabelece relações de vários tipos que negociam a reprodução da vida e as demandas da morte, então as práticas de parentesco são aquelas que emergem para dirigir as formas fundamentais da dependência humana, que podem incluir o nascimento, a criação das crianças, as relações de dependência e de apoio emocional, os vínculos de gerações, a doença, o falecimento e a morte (para citar algumas). (BUTLER, 2003, p. 221)

- Ela também expõe algumas situações onde o parentesco foi estudado por outros sociólogos (p. 221-223);
- A autora aponta que recentemente a ideia de casamento tem sido desvinculada da ideia de parentesco. Apesar da legitimação dos casamentos gays, eles (casais homossexuais) não têm direito à adoção, tecnologias de reprodução;
- A legalização da união homossexual concede direitos diferentes em diferentes federações. Além disso, não garantem todos os direitos que são concedidos a casais heterossexuais (para saber um pouco mais sobre esses direitos que não são concedidos aos casais homossexuais brasileiros é possível consultar o Manual LGBT, p. 31);
- A autora apresenta diversos aspectos que definem o casamento gay;
- Casamento gay não é idêntico ao parentesco homossexual;
- O casamento é um contrato social, é inteligível ao ser humano e mudar essa formação (tornar legítimo o casamento gay) seria algo como o tornar ininteligível;
- Casamento gay: mantém uma instituição (família) (visão simplista e popular);
- Parentesco gay: questões reprodutivas (visão simplista e popular);
- A posição do Estado, quanto a legitimidade do casamento gay, interfere na aceitação da população;
- O que é político e apolítico?
- Apolítico é assumir uma posição “neutra”, “em cima do muro”(?);
- Político é tomar um posicionamento(?);
- Seria apolítico se o assunto não fosse visto como um problema;
- A legitimação deve renunciar o campo político de forma que não envolva a opinião dos políticos, mas sim a opinião pública(?);
- Não seria aconselhável medir sexualidade por casamento e parentesco por família, pois, pensar assim seria reducionista;

Ficamos muito em dúvida sobre o texto, como um todo.

3 comentários:

André disse...

Ainda vou ler o texto, mas fiquei com a impressão de que o primeiro trecho citado pode resolver algumas incompreensões.
Seria bom se as dúvidas (que entendi estarem marcadas com os '?') fossem formalizados como questões. Isso me ajudaria a procurar ajudar a resolver o problema.
De resto, achei um pouco confuso, mas confio que após ler o texto fique mais fácil acompanhar as questões.

Por ora, acho importante ressaltar que a posição da Butler dificilmente é neutra. Antes, ela seria radical. Se entendo bem, ela procura mostrar como os termos das questões já são problemáticos e, desse modo, se contrapõe já a eles. Não seria o caso de ser neutra sobre o casamento gay, por exemplo, mas ser radical dizendo que colocar a questão assim já é tomar uma posição conservadora. Assim, talvez não seja o caso de responder (para resolver) a questão posta, mas desmontar a questão, alterando o modo como a sexualidade é vista.

Sobre o texto da Parisotto, também prefiro comentar mais após ler, mas a questão psicanalítica dos traumas, me parece mal colocada. Quer dizer, não é preciso falar em trauma na formação, mas apenas de má formação. A questão é entender como esse processo está ligado, para o Freud, com a organização do aparelho psíquico, de modo que algumas interferências poderiam prejudicar uma organização saudável desse aparelho. Mas acho que esses tópicos serão melhor tratados nos últimos textos da parte científica.

Vinícius Cucolo disse...

Acho que dei com os burros n'água, ao pensar que o texto da Butler seria mais fácil.

Os termos que você comenta seriam o casamento gay e o parentesco, Dé?
Uma posição neutra, seria uma posição conversadora, se entendi bem?

Na minha leitura, que aconteceu com bastante dificuldade de compreensão em diversos trechos, não consegui perceber se ela assume uma posição. Talvez isso já fosse conservador? Percebi que ela propõe em alguns momentos a necessidade de reflexão crítica para tratar da legitimação do casamento gay.

Preciso me esforçar pra ler o texto de novo.

Gabriel Lima disse...

Eu tinha levantado a questão dela ser neutra ou não, o que não me pareceu, mas foi de concordância do grupo que sim, temos que debater isso novamente em uma outra oportunidade, na questão do texto da Bluter. Mas também podemos ressalvar que ela de certo ponto, instiga o leitor analisar o que é realmente direito do homossexual, e como ele se forma em vários países, aonde nenhum da totais direitos aos mesmos sentidos que a heterossexualidade, e em uma parte do texto, ela convida a refletir sobre como isso poderia ser feito, e até crítica a posição do político e suas vontades pessoais, em cima da sociedade que se não me engano, da alusão à um referendo popular.

Já o texto da Parisotto, se forcarmos o libido e estudar logo mais Freud, acho que entenderemos a dúvidas que nos cercam diante do texto.