quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Sexo e Temperamento e O Arco e o Cesto

Texto 7:
MEAD, Margaret. "A implicação desses resultados"; e "Conclusão". In: _______________. Sexo e Temperamento. São Paulo, SP: Perspectiva, 2000. pp. 267-305. (Debates , 05)

A autora estuda duas tribos diferentes, as duas com o mesmo padrão de comportamento; defende que o comportamento não é genético; biologizante (mulher meiga e homem agressivo) e que é grave ligar o temperamento sexual com a biologia.Ela se foca nos indivíduos inadaptados (diferentes) que são isolados dessas tribos. Em uma delas, meninos que nascem com sarna e crianças com habilidades artísticas são considerados inadaptados.
Os isolados são aqueles que são inadaptados fisiológica (deficientes físicos) ou culturalmente (deficientes psicológicos).
Os sexos recebem atribuições diferentes e não podem se misturar. As pessoas de um determinado sexo com características do outro sexo são consideradas normais. Quando um homem tem características femininas fortes, ele pode optar por ser travesti.
A autora vai contra a opressão em meninas não poderem brincar de bola (que seria considerada brincadeira de menino) e meninos não poderem brincar de boneca (considerada brincadeira de menina). Um menino pode gostar de brincar de cozinha quando criança e ao crescer se tornar um químico, ou brincar de boneca e se tornar um médico, e com essa opressão pode acabar interferindo em seu futuro.
As crianças adotam muitas características das pessoas com quem convivem, então é normal o filho passar muito tempo com a mãe e adquirir suas características e o mesmo pode acontecer com a filha e o pai.
Essa diferença entre menina e menino é observada em praticamente todos os lugares. Hoje em dia, é difícil analisar o padrão, as características de homem e mulher, pois está tudo misturado.
A autora coloca três caminhos para entender a humanidade:
1- Padronizar cada gênero (homem e mulher).
2- Não fazer distinção baseada no sexo. Porém, isso pode acabar sendo ruim porque algumas pessoas vão poder fazer tal coisa e outras não; o que daria na mesma na diferença social.
3- Não definir outros temperamentos sexuais como sexo, mas preservar todos eles sem divisões.

A mulher sempre teve uma posição inferior ao homem, mas no período colonial, a senhora podia mandar no escravo homem, o que deixa claro que a divisão socioeconômica era mais importante que a sexual.
Esse estudo foi em tribos, e como na nossa sociedade hoje em dia há muitos temperamentos comportamentais diferentes, não há uma padronização tão forte como já foi.
A divisão de sexo por temperamento não prevê que uma mulher vai se atrair por outra.
Parece que a autora cria regras sobre isso e como todo casal homossexual tivesse que ter um mais bruto e um mais meigo e nem sempre é assim.
As meninas, quando criança, brincam de bonecas porque já tem o instinto maternal e isso é comportamental.
As mulheres que são mais agressivas, gostam de futebol, etc (características masculinas) vão pensar ou já devem ter pensado que são lésbicas.
Hoje em dia, a padronização não é tão forte e isso já foi mudando, talvez pela mulher, que foi conquistando seu espaço na sociedade. Muitos garotos/homens podem chorar sem ser descriminado como já foi considerado "coisa de menina". Porém ainda existe essa divisão sexual (machismo), como na mídia, a mulher ainda é usada muitas vezes como objeto de desejo. Isso está em processo de mudanças.
Essa divisão de coisas de menina e coisas de menino devia ser abolida, porém dessa forma, a criança poderia acabar se perdendo. Isso já se inicia na gravidez, quando a mãe sabe que é menina e decora todo o quarto de rosa e o mesmo com o menino na cor azul. Muitas vezes, a decoração é feita em cores neutras por não saber o sexo do bebê, mas ao longo do tempo, todas as roupas e brinquedos que vai ganhando já vão fazendo a divisão da mesma forma. Na escola, a professora também separa os brinquedos e "corrige" as crianças de acordo com a padronização. Quando a professora não faz essa separação, os pais acabam discordando do seu método e a "corrige", e a divisão continua em casa.
Uma boa saída é as crianças conviverem juntos, como irmãos: se forem dois irmãos (menina e menino), a divisão é menor, porque brincam juntos com a maioria dos brinquedos. Agora se é só meninas ou só meninos não tem essa opção.

Texto 8:
CLASTRES, Pierre. O arco e o cesto. In: _______________. A sociedade contra o Estado: pesquisas de antropologia política. Rio de Janeiro: F. Alves, 1978. pp. 71-89. (Ciências Sociais)

O autor fala de uma tribo indígena nômade, que tem fortes costumes e hábitos que definem o sexo, como a divisão de tarefas, que por mais que sejam separadas, se completam. Como essa tribo é nômade, eles não praticam atividades agrícolas, então para sobreviverem, vivem da caça e coleta. A divisão das tarefas é feita com os homens se responsabilizando pelo alimento (caçam e colhem) e as mulheres comandam o acampamento; são as responsáveis por transportar os materiais. É muito respeitada essa divisão, de forma que um não pode fazer a tarefa do outro.
A única forma do homem dessa tribo se sentir realizado é na floresta, na caça. Já a mulher, apenas quando deixam de ser transporte e cuidam apenas do acampamento. Com isso, as crianças são preparadas desde cedo. O menino, ao fazer 4 ou 5 anos já começa a aprender a usar o arco e aos 15 anos é iniciado como caçador e já cria seu próprio arco para poder casar e formar sua família. Já a menina, com 9 anos recebe um mini cesto, que deve ser carregado vazio até sua primeira menstruação. Depois disso, já faz seu próprio cesto para carregar o acampamento de sua futura família.
Os habitantes dessa tribo são muito supersticiosos; o homem não deve encostar no cesto da mulher porque pode amaldiçoar a casa e a mulher não pode encostar no arco do homem porque daria má sorte na caça. E quando isso acontece, ele é chamado de Panema.
Panema é quando o homem tem pané, que significa azar na caça. E este perde sua posição de caçador, ou seja, perde sua masculinidade junto e troca o arco pelo cesto. Os panemas também não podem encostar no arco para não dar má sorte.
O texto fala sobre dois indivíduos que carregam o cesto: Chachubutawachugi e Krembégi. O primeiro é um panema e viúvo, então ele vivia isolado porque ninguém o respeitava, as mulheres não o desejavam, todos o caçoavam muito, as crianças não o respeitavam e até sua família o renegou. Quando ele se tornou um panema, ele lutou para não perder suas características masculinas e quando ia levar o cesto, ao contrário das mulheres que levavam na cabeça, ele levava no peito.
O segundo era sudomita (homossexual masculino) desde criança, sempre se identificou nas mulheres, usava seu cabelo mais cumprido que os outros, era mais artístico e nunca se deu bem na caça. Ficamos na dúvida se ele tentou a caça e foi considerado um panema ou se ele nem chegou a tentar. Ele foi uma grande exceção nessa tribo, todos o respeitavam e ele respeitava muito o arco, embora também não pudesse tocá-lo. Ele tinha prazeres com outros homens por libertinagem e era conhecido como “ânus-fazer-amor”.
Falamos que o Chachubutawachugi não tinha respeito porque depois que virou Panema, não era considerado nem homem e nem mulher, e se ele tivesse se aceitado, não se isolado tanto, as pessoas respeitariam ele e ele poderia até se envolver com outras pessoas. Já o Krembégi era homossexual, vivia como mulher.
Na tribo, eles tinham algumas regras, como o caçador jamais pode comer sua própria presa. Então o que um caça, os outros comem e ele se alimenta do que outros caçaram, porque acreditavam que comer o que caçou atraía o Pané. Então é muito importante a união entre eles para sobrevivência.
Outra regra entre eles é o direito da mulher ter dois casamentos (primário e secundário), e caso ela se interessa por um homem, mas a família dele não aceita, ela pode amaldiçoa-los. Ou seja, ela escolhe com quem ela se envolve.
O texto é finalizado com a diferença do canto da mulher e do homem. O da mulher só era cantado em situações tristes, sempre cantado chorando e falava muito sobre morte ou doença, assumindo a angústia da tribo. O canto delas era como um coro. Já o do homem era mais forte e intenso, cantavam o louvor de si mesmo quando estava se sentindo realizados e entoam muito a palavra “cho” que significa “eu”. Eles sempre cantavam a noite, depois de ficarem um tempo pensativos e parece que cantam para se iludir, se sentirem maior e melhor que todos. O canto deles era individual, cada um cantava sua própria música.

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